Entrevista/ “Louis Saha, Luís Figo e Ronaldinho estão a investir em tecnologia”

Patrice Arnera, cofundador do Axis Stars

Patrice Arnera, especialista em TI, e Louis Saha, antigo internacional francês que cumpriu parte da carreira ao serviço do Manchester United, querem ajudar a despertar nos atletas profissionais o gosto pelo empreendedorismo. Através da Axis Stars, disponibilizam as ferramentas necessárias para que os seus projetos avancem e tenham sucesso.

Louis Saha, que se aposentou do futebol profissional em 2013, depois de ter marcado o golo mais rápido de sempre numa final da Taça de Inglaterra, quando estava no Everton, e de ter vencido a Liga dos Campeões com o Manchester United, fundou, em 2014, uma start-up, a Axis Stars, com o pai de um dos amigos de seu filho, Patrice Arnera, que tem mais de 15 anos de experiência em TI.

A plataforma que conta com mais de 100 atletas, incluindo o atacante do Chelsea Didier Drogba, o jogador da NBA Boris Diaw, o campeão olímpico Mo Farah e o tenista francês Gael Monfils, permite que os profissionais do desporto classifiquem o desempenho dos agentes e empresas com os quais trabalham, tornando a indústria mais transparente.

O Link To Leaders esteve à conversa com Patrice Arnera, especialista em Desenvolvimento de Negócios Internacionais.

Em que consiste a Axis Stars?
A Axis Stars é uma plataforma para atletas profissionais, através da qual os colocamos em contacto com oportunidades de negócio. É uma rede digital e exclusiva para eles, com suporte por app.

Onde estão sediados?
A nossa sede é em Londres, com âmbito internacional. Os fundadores vivem em França.

Quantos atletas integram a plataforma?
Neste momento, temos 200 atletas e 20 artistas.

E como criam valor para todos eles?
O valor para os atletas é colocarmo-los em contacto com oportunidades reais de negócio. O nosso trabalho é validar os parceiros de negócio, garantir que têm algo único para oferecer, que são dignos de confiança e que é seguro fazer negócio com eles. Não cobramos nada aos atletas, mas sim um valor de subscrição anual aos parceiros e que cobre os custos de operação da empresa, de desenvolvimento da plataforma e das avaliações das propostas de negócio. Cobramos também uma percentagem dos negócios que tenham começado através da plataforma. Temos também alguns eventos que criamos e promovemos por todo o mundo e onde angariamos patrocinadores.

Pode dar-nos um exemplo de um negócio que tenha sido feito através da plataforma?
Ainda não, uma vez que somos ainda muito recentes, mas posso dar exemplos de contactos que estabelecemos, sem referir os atletas e as empresas em causa, que mantemos em confidencialidade. Já estabelecemos contactos entre atletas e investimentos na área da saúde, seja com atletas a investirem em empresas ou no financiamento de novos produtos, e também na indústria da moda, do turismo e automóvel.

Quais são os países que mais os têm procurado?
Estamos focados em todo o mundo, uma vez que, num ano, um jogador pode estar na Inglaterra e, no ano seguinte, estar a jogar em Portugal e, no seguinte, em França. Hoje os nossos membros estão maioritariamente na Europa e alguns nos Estados Unidos. Na Europa, há um grupo maior no Reino Unido, onde já é conhecido.

A plataforma está apenas em inglês?
Não, está em várias línguas, cerca de 16 línguas diferentes.

Os futebolistas são bons empreendedores?
Esperamos que sim. É um negócio recente. O meu sócio, o Louis Saha, é um deles, o Luís Figo e o Ronaldinho também. Estão a investir em tecnologia e estão rodeados pela equipa certa para tornar o projeto num sucesso. No Axis Start, temos também a vontade de despertar nos atletas o gosto por se tornarem empreendedores. Fornecemos os sócios e as ferramentas para que se avancem com os projetos. Depois, claro que lhes cabe a eles fazerem o trabalho, mas, pelo menos, damos-lhes as melhores hipóteses de serem bem-sucedidos.

Como pode a tecnologia mudar a reputação dos atletas?
É uma das coisas em que temos maior foco. Hoje a nossa imagem está muito disseminada. É partilhada por nós, por pessoas que nos fotografam na rua, pelo que a nossa reputação não está sobre o nosso controlo. A tecnologia pode ser perigosa para a reputação de uma pessoa, mas, se usada adequadamente, pode também ajudar a geri-la. É preciso parar, ouvir o que está a ser dito e então reagir. Temos parceiros na área da reputação digital e usamos conhecimentos de reputação digital na plataforma, de forma a ajudar a que certa pessoa atinja determinado objetivo, a decidir quem quer ser e a confirmar se realmente se está a tornar na pessoa certa.

Qual foi o momento mais desafiante que enfrentaram desde que era uma ideia até hoje?
Acho que foi encontrar a tecnologia certa no momento certo. Tivemos desafios tecnológicos muito sérios, que já ultrapassamos, mas que nos custaram quase um ano de atraso.

O que aconselha a quem está agora a começar?
Que a ideia, independentemente de quão boa seja, é apenas 1%. O importante é a execução. Se tem uma boa ideia, não tenha receio de a partilhar e de se fazer rodear por pessoas mais experientes, pois é isso que é determinante para o sucesso. Uma boa ideia sem experiência pode levá-lo a grandes problemas.

A Axis Star foi um investimento pessoal ou conta com investidores?
Até ao momento, foi um investimento apenas meu e do Louis Saha. Temos um parceiro que está neste momento a investir algum dinheiro, mas o grosso do investimento é inteiramente nosso. Estamos a expandir e a desenvolver uma tecnologia nova, pelo que, em breve, iremos focar-nos em angariar investimento externo.

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