Opinião

Indústria 4.0 – Uma estratégia colaborativa

João Vasconcelos, Secretário de Estado da Indústria de Portugal

Mais de 200 entidades e empresas estiveram envolvidas na identificação das medidas que compõem a estratégia do Governo para preparar as empresas portuguesas para a Indústria 4.0, que foi apresentada no passado dia 30 de janeiro, no Instituto Politécnico de Leiria.

Muito por consequência de um processo de trabalho altamente colaborativo, que foi coordenado pela Deloitte, entre essas 60 medidas existem muitas que resultam de parcerias entre diversas empresas e entidades envolvidas no processo.

Um bom exemplo disso é a iniciativa ADIRA Industry 4.0, para criar o primeiro laboratório integrado de fabrico aditivo. Com este laboratório, pretende-se desenvolver todo um novo ecossistema associado a esta tecnologia de nova geração, que irá permitir novas formas de projeto e fabrico. Este laboratório é dinamizado pela ADIRA em parceria com o CEiiA, a partir da máquina em desenvolvimento pela ADIRA, cujo protótipo tinha já sido desenvolvido em colaboração com a Fraunhofer. O laboratório estará aberto às universidades e às empresas de todas as indústrias.

No setor do calçado, destaco a FOOTURE 2020, uma medida da APPICAPS. Trata-se de um plano estratégico para implementar o roteiro do Cluster do Calçado para a Economia Digital, assente em múltiplas iniciativas. Pretende-se, até ao final de 2020, conseguir um salto qualitativo no processo de afirmação internacional do calçado português.

O investimento da Bosch nesta estratégia é um dos mais significativos. Refira-se o DONE Lab, que consiste num laboratório único em Portugal para a manufatura aditiva avançada de protótipos e ferramentas. Inaugurado na Escola de Engenharia da Universidade do Minho, em Guimarães, em resultado de uma parceria entre a Universidade do Minho e a Bosch Car Multimedia, surge, no âmbito do maior projeto universidade-empresa do país, num investimento global de 54,7 milhões de euros até 2018.

Outra iniciativa incontornável nesta área é o protocolo entre a Bosch e a Universidade de Aveiro para o desenvolvimento de soluções para casas inteligentes e a digitalização de equipamentos da Bosch, num investimento de 19 milhões de euros, estando prevista a criação de cerca de 150 postos de trabalho.

Com um investimento estimado de 12 milhões de euros, destaco também uma iniciativa da PSA de Mangualde, desenvolvida em consórcio com 3 universidades e 5 parceiros tecnológicos, assente nos seguintes eixos: robôs colaborativos, visão artificial, sistemas autónomos de movimentação, fábrica digital (IoT) e fábrica do futuro.

Por fim, refira-se ainda a 4AC, outra iniciativa que resulta de parcerias entre diversas entidades e empresas. É a primeira aceleradora, incubadora e espaço de produtização e prototipagem para a Indústria 4.0, que junta multinacionais como a Mitsubishi (Daimler), a Siemens e a Volkswagen Autoeuropa, com start-ups portuguesas, como a Bee Very Creative, a Follow Inspiration, a Mobi.Me e a Prodsmart. A iniciativa resulta de uma parceria entre o CEiiA e a Startup Portugal e destina-se a apoiar start-ups tecnológicas, para fornecer a indústria, tanto de hardware como de software, na transformação de ideias em produtos, no desenvolvimento de produto e também na fase de scale-up. O seu papel é precisamente atuar como ponto central entre a indústria, universidades, centros tecnológicos, empreendedores e investidores.

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