Incubadoras: informação dispersa dificulta o ecossistema português

A conclusão é de um estudo recente da Universidade de Coimbra que introduz a ideia de que a falta de informação sobre as incubadoras pode dificultar a vida das start-ups portuguesas.

A ideia espelhada no estudo desenvolvido na Faculdade de Economia, da Universidade de Coimbra, é que não existe informação detalhada sobre as incubadoras. Em vez disso, há apenas “informação avulsa”, ou seja, os dados sobre este tipo de entidades estão dispersos.

O investigador responsável pelo estudo, Gonçalo Brás, referiu à Agência Lusa que “a informação está dispersa por livros, diversas associações de incubadoras de empresas existentes nalgumas regiões do país e, mais recentemente, por dados na rede nacional de incubadoras. No entanto, se apenas considerássemos essas fontes, algumas incubadoras de empresas não seriam identificadas”.

Segundo o investigador esta realidade pode trazer dificuldades à sobrevivência das start-ups. A possibilidade de haver uma base de dados com informação detalhada e relevante sobre cada uma das incubadoras, e os respetivos “hóspedes”, poderia aumentar a esperança média de vida dos projetos. “São diversas as estatísticas de entidades públicas e privadas que revelam taxas de sobrevivência de start-ups relativamente preocupantes. A prevalência e sistematização de informação mais detalhada sobre o “‘cluster” de incubação de empresas poderia proporcionar aos decisores políticos instrumentos mais adequados no sentido de aumentar as taxas de sobrevivência das start-ups nacionais”, explicou Gonçalo Brás.

No total, o estudo identificou mais de 170 incubadoras. No entanto, o investigador acredita que o número real seja perto de 200, uma vez que não há nenhuma maneira fácil de aceder a este tipo de estatísticas.

O estudo aponta ainda para outro erro no ecossistema português de start-ups: a falta de especialização das incubadoras. Dois terços das incubadoras não têm qualquer tipo de especialização. Ao invés disso têm um foco de atuação geral. Um problema que, caso fosse colmatado, poderia potenciar o aumento da esperança média de vida das start-ups, visto que a especialização das incubadoras “contribui para uma taxa de sobrevivência maior das empresas”.

O estudo vai ser publicado no livro “Entrepreneurship and Structural Change in Dynamic Territories – Contributions from Developed and Developing Countries”, que conta com o cunho da editora Springer.

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