Entrevista/ “Quando temos uma ideia útil, tudo se torna mais fácil”

Carolina Patrocínio, fundadora da BabyLoop
Créditos: João Portugal

É a plataforma ideal para quem precisa de ganhar espaço em casa ou para quem quer comprar produtos bons e mais baratos. Chama-se BabyLoop e é o primeiro projeto de Carolina Patrocínio no mundo dos negócios. O Link To Leaders falou com a apresentadora de TV que fez um balanço dos dois meses da plataforma online.

A quantidade de coisas que se acumulam numa casa que tenha bebés é sempre bem maior do que aquilo que se deseja. Há o carrinho, o ovo, a alcofa, o berço, a cadeira da papa, a espreguiçadeira, o parque, a banheira, e a juntar a isto tudo, um monte de brinquedos. Tudo muito útil enquanto o bebé ou criança tem idade e necessidade de os usar, mas quando esse tempo passa a tendência é para guardar tudo, quer se pense em ter mais filhos ou não. E é aí que os armários, as partes de baixo das camas ou as garagens começam a parecer uma loja.

Foi o que aconteceu a Carolina Patrocínio. A apresentadora, que foi mãe de três meninas em quatro anos, apercebeu-se da quantidade de produtos de puericultura que tinha e começou a pensar de que forma poderia ganhar mais espaço, dar um novo uso a este material e estimular a economia circular. É assim que nasce a BabyLoop.

Na semana em que as compras estarão ativas na plataforma, falámos com Carolina Patrocínio sobre o seu primeiro projeto de empreendorismo que foi lançado no início deste ano.

Como surgiu a ideia de criar a plataforma BabyLoop?
A ideia que deu origem ao projeto acabou por ganhar forma partindo de uma necessidade pessoal que tive, depois de ter sido mãe de três filhas num curto-espaço de tempo. Como sabemos, nestas idades, os equipamentos de puericultura são usados por um período de tempo muito curto e, depois de ter as minhas filhas, todo o material acabou por ficar a um canto da casa, a ocupar espaço.

Como sou bastante pragmática, não tenho por hábito ficar com coisas que já não utilizo, nem que penso vir a precisar num futuro próximo, pensei numa possibilidade que pudesse servir-me a mim e aos restantes pais, sem que tivéssemos de nos desfazer totalmente das coisas. Assim surgiu a ideia de criar a BabyLoop, dando resposta a esta necessidade que senti e que acredito que será partilhada por muitos pais.

No fundo, a plataforma permite-nos desocupar o espaço que estes materiais de puericultura estão a ocupar em casa (sobretudo o tipo de equipamentos com que a BabyLoop trabalha nesta fase, como carrinhos, alcofas, berços, entre outros), ao mesmo tempo que, vendendo-os, os pais podem recuperar uma parte significativa do valor que investiram e, simultaneamente, democratizam o acesso a equipamentos deste tipo de gama média/alta a outras pessoas que, novos, não os podem comprar. Além disso, as questões ambientais têm-me deixado bastante inquieta e o impacto de um ciclo de utilização linear destes equipamentos no ambiente é imenso, pelo que, ao seguirmos este modelo de economia circular da BabyLoop, garantimos um futuro ambientalmente mais sustentável.

Para quem pretender comprar artigos de puericultura em segunda mão, mas com garantia de qualidade, poderá, para já, submeter a sua intenção de compra no site, uma vez que só a partir desta semana é que o catálogo da BabyLoop vai começar a receber os primeiros artigos disponíveis para venda.

Em que é que consiste?
A BabyLoop é uma plataforma de compra e venda de puericultura em segunda mão, mas com total garantia de qualidade. Quem quiser vender os seus artigos de puericultura (para já, aceitamos apenas equipamentos pesados) só precisa de ir a babyloop.pt e enviar duas fotografias do equipamento que pretende vender. Num prazo de 12 horas, a nossa equipa procede à avaliação do estado do equipamento e do seu valor, enviando depois ao potencial vendedor a proposta para a aquisição do produto pela BabyLoop.

Caso a nossa proposta seja aceite, basta entregar o equipamento num dos pontos de recolha das lojas Continente aderentes ou requisitar a recolha ao domicílio, tendo esta um custo associado. Quando o produto é rececionado no nosso centro logístico, é avaliado no sentido de perceber se de facto está em conformidade com o estado aparente nas fotos, para ser depois minuciosamente limpo e submetido a uma rigorosa desinfeção antibacteriana, para que possa ser fotografado profissionalmente e incluído no catálogo do site. Finalmente, o vendedor escolhe o método através do qual pretende receber o valor, que pode ser resgatado para conta bancária ou para o Cartão Continente ou doado a uma instituição de solidariedade. Para quem pretender comprar artigos de puericultura em segunda mão, mas com garantia de qualidade, poderá, para já, submeter a sua intenção de compra no site, uma vez que só a partir desta semana é que o catálogo da BabyLoop vai começar a receber os primeiros artigos disponíveis para venda.

Como chegou ao contacto com a start-up Book in Loop?
Eu precisava de alguém com experiência na gestão e componente operacional, alguém que me pudesse ajudar a materializar a ideia que tinha e, como já conhecia a Book in Loop – até porque temos amigos em comum -, achei que fazia todo o sentido desafiá-los. Felizmente, os nossos objetivos eram comuns na essência: a procura por promover a reutilização e a sustentabilidade de forma acessível e sem comprometer a qualidade. Além disso, a Book in Loop também estava à procura de outros mercados onde pudesse implementar o mesmo framework e modelo de negócio, então, foi a parceria perfeita.

Já avaliámos mais de 2 mil produtos, sendo que temos já mais de 600 no nosso Centro Logístico ou a caminho dele.

Como tem sido a aceitação? Quantas visitas registam neste momento e quais os produtos que os portugueses mais colocam à venda?
Já avaliámos mais de 2 mil produtos, sendo que temos já mais de 600 no nosso Centro Logístico ou a caminho dele. Os produtos aceites são principalmente carrinhos e cadeiras auto (individualmente ou em trios e duos), mas também cadeiras de papa, berços, parques, etc. As famílias perceberam muito rapidamente que produtos procuramos porque também sentem esta necessidade há muito tempo. Inicialmente, com a grande adesão logo nos primeiros dias, demoramos um pouco mais a fazer a avaliação dos produtos, porque os nossos especialistas analisam o mercado de produtos novos e usados de cada artigo para conseguir o melhor valor tanto para quem vende como para quem compra.

A BabyLoop entrou em funcionamento a partir 14 de janeiro para quem quer vender equipamentos. A compra só estará disponível este mês. Nestes primeiros dias quais foram os produtos que as famílias mais compraram?
As compras ainda não estão disponíveis, mas estarão ainda esta semana. No entanto, nas últimas semanas quem visitou o nosso site já deixou informação sobre as suas intenções de compra. O que sabemos já é que há muita procura por estes artigos, mais do que aquela que já conseguimos satisfazer. Por isso, estamos a pedir a todos os que tenham equipamentos de puericultura lá em casa a ocupar espaço que usem a nossa app para recuperarem o seu investimento e ajudar outras famílias a poupar com artigos de grande qualidade.

Na BabyLoop não mediamos transações, adquirimos verdadeiramente o produto – sem qualquer garantia de venda –, submetemo-lo a testes rigorosos de qualidade e higiene e só depois o vendemos, com garantia de qualidade.

Acha que os portugueses têm cada vez mais consciência da adoção de práticas ambientalmente sustentáveis ou quando o assunto é maternidade as questões de insegurança prevalecem?
Eu acho que a consciencialização para as questões ambientais é tendencialmente crescente e os portugueses estão cada vez mais sensibilizados para a adoção de comportamentos mais sustentáveis para o futuro do planeta e na maternidade não é exceção. É certo que a insegurança e a inquietação com tudo o que envolva os filhos é extra e está sempre presente, mas, se pensarmos bem, na área da puericultura já existe há décadas em algumas famílias a tradição de emprestar os equipamentos para bebé e de os “fazer passar” para os mais novos. O que a BabyLoop propõe é semelhante com a vantagem adicional de permitir recuperar uma parte do valor investido nos produtos.

Mas a grande questão para quem ainda tem receios continua a ser cultural e a ter que ver, essencialmente, com as mentalidades. Porque um produto novo não é necessariamente muito superior a um em segunda mão, nem cumpre forçosamente melhor a sua função que um acabado de comprar, desde que esteja em bom estado de conservação. E nisso a BabyLoop dá garantias. Quando as pessoas compram um artigo na BabyLoop não é uma compra igual às que se fazem noutras plataformas de compra e venda de artigos em segunda mão, que mais não fazem que juntar compradores e vendedores. Na BabyLoop não mediamos transações, adquirimos verdadeiramente o produto – sem qualquer garantia de venda –, submetemo-lo a testes rigorosos de qualidade e higiene e só depois o vendemos, com garantia de qualidade. Todo este processo acaba por tranquilizar as pessoas, pois não estão a comprar um artigo a um desconhecido, mas a alguém que “dá a cara” pelo que vende, sabendo que o equipamento foi devidamente tratado antes de ser revendido.

 Qual a ligação do BabyLoop com a Sonae MC?
A relação que construímos e mantemos com a SONAE MC é de grande parceria e decorre, desde logo, da aposta do grupo no apoio a projetos, como a BabyLoop, que promovam a sustentabilidade e o princípio da economia circular enquanto garantia para um futuro mais ecológico. Em termos práticos, esta parceria permite-nos contar com uma ampla rede de pontos de recolha localizados em várias dezenas de lojas Continente por todo o país, facilitando o processo de envio dos artigos para os potenciais vendedores. Além disso, e dado que já existia uma forte relação de trabalho e confiança vinda do trabalho com a Book in Loop, a SONAE fez parte desde o início na definição do modelo de negócio e do desenho do produto.

 Acho que na hora de lançar um projeto o essencial é mesmo isso: perceber a relevância que terá.

O BabyLoop é seu primeiro projeto como empresária. É fácil ser-se empreendedora em Portugal?
É desafiante, claro, mas não se pode dizer que seja difícil. Quando temos uma ideia que é, de facto, útil para o público-alvo tudo se torna mais fácil. E é esse o caso da BabyLoop. Quer pelas minhas irmãs, quer pelas minhas amigas, eu sabia que este “problema” de acumular equipamentos era transversal e que ao lançar o projeto estaria a ajudar os papás. Acho que na hora de lançar um projeto o essencial é mesmo isso: perceber a relevância que terá.

Qual foi o maior desafio que encontrou com o lançamento do BabyLoop?
O maior desafio foi materializar a ideia. Mas como consegui reunir uma equipa muito experiente na área da economia circular e do ecommerce, a equipa da Book in Loop, tudo fluiu com facilidade.

Se pudesse, o que teria feito de diferente?
Para já não sinto que precisasse de fazer algo diferente. Sinto que está tudo a correr como previsto e que estamos a fazer um bom trabalho e a ajudar os pais portugueses. Não poderia estar mais satisfeita com o projeto e a aceitação que tem tido.

Para já não tenho mãos para mais nada. Tenho três filhas pequenas que tenho de conciliar com as reportagens do FamaShow, os vários compromissos digitais e ainda a Babyloop.

Outros projetos que tenha em carteira enquanto mulher empreendedora? Algum ligado ao desporto?
Para já não tenho mãos para mais nada. Tenho três filhas pequenas que tenho de conciliar com as reportagens do FamaShow, os vários compromissos digitais e ainda a Babyloop.

Um conselho para quem está agora a lançar um projeto…
Estudarem bem o mercado e certificarem-se que o projeto é mesmo útil e que não tenha falhas!

Respostas rápidas:
O maior risco: 
 Não atingir o breakeven
O maior erro: Não acreditar em nós
A melhor ideia:  BabyLoop
A maior lição: Equipas muito jovens conseguem fazer o mesmo que equipas experientes
A maior conquista: Chegar aonde cheguei

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