Autárquicas: 0.1 segundos chegam para decidir em quem vai votar, segundo estudo

Já sabe em quem vai votar no próximo Domingo, dia 1 de outubro, nas eleições autárquicas? Segundo um estudo, basta-nos 0.1 segundos para decidirmos em quem votar. Falámos com uma especialista em comunicação não verbal para perceber os erros mais comuns nas fotografias das campanhas dos candidatos portugueses.

No próximo domingo, dia 1 de outubro, os portugueses vão às urnas votar nos próximos presidentes dos municípios do país. Já sabe em quem votar? Segundo um estudo, a ideia de que votamos tendo em conta as nossas orientações partidárias ou que usamos o nosso bom senso para filtrar os maus candidatos pode, afinal, não ser inteiramente realidade.

O estudo da universidade norte-americana de Princeton enuncia que é apenas preciso um décimo de segundo para os eleitores fazerem a sua escolha. Isto, apenas com base na cara dos candidatos.

O psicólogo que fez esta análise, Alexandre Todorov, chegou à conclusão que, em 70% dos casos, um olhar rápido para a cara de dois candidatos – às eleições para o senado dos Estados Unidos – era suficiente para prever o vencedor. Isto foi feito com base nos candidatos e vencedores de 2006. “Nunca dissemos aos indivíduos que faziam parte da nossa amostra que estavam a olhar para candidatos reais”, refere Todorov num texto com as conclusões principais, “apenas lhes pedimos para fazerem uma previsão, segundo o seu instinto, às caras mais competentes” que não lhes eram familiares.

Conclui-se então que o nosso instinto nos leva a votar no candidato que aparenta ser mais competente. Para tentarmos perceber quais são os principais fatores que nos levam a escrutinar se uma pessoa é competente – ou não – falámos com Irina Golovanova, especialista em comunicação não verbal e CEO da The Body Language Academy.

Há milhares de outdoors espalhados pelo país com fotografias dos candidatos aos municípios. Com o insight da especialista em comunicação não verbal vamos tentar ajudá-lo a ver mais nestes cartazes do que a maioria das pessoas, que veem apenas uma fotografia, a mensagem principal do candidato e o seu partido.

Para Golovanova, há três grandes erros a serem evitados pelos candidatos e que tem de ter em especial atenção: o sorriso falso, o desprezo e os braços cruzados.

O sorriso falso: segundo a especialista há duas opções, ou “um candidato opta por sorrir ou por não sorrir. Isso pode e deve depender da estratégia desse candidato e até da estratégia do partido. Aqui não há certo nem errado. Mas quando o candidato opta por sorrir na fotografia do cartaz, o sorriso tem que ser verdadeiro e contagiante. Não há meio termo. Sorrir sim, mas com aquele sorriso social ou falso, isso é que não”.

O despezo: que em linguagem corporal se traduz como o “irmão” do sorriso falso “parece um sorriso, mas é torto, assimétrico, porque apenas um canto dos lábios está levantado. Não vou apontar o dedo, mas já reparei num cartaz no qual o candidato tem um sorriso ‘torto’. O desprezo é a emoção que visa estabelecer uma hierarquia e demonstrar superioridade. Provavelmente, num outro contexto, esta expressão facial até seria adequada. Mas nas eleições, quando os candidatos tentam estabelecer uma relação de proximidade com o eleitor e mostrar disponibilidade, este sinal é sempre extremamente negativo porque ‘afasta’ a audiência”.

Os braços cruzados (utilizadores do LinkedIn, tenham especial atenção a este ponto): as conclusões de um estudo levado a cabo pela The Body Language Academy em 2016, onde foi perguntado aos portugueses o que achavam que uma pessoa com os braços cruzados transparecia, “27% disseram ‘distante’, 23% ‘reservada’ e 11% ‘concentrada’. Todas as outras respostas utilizavam palavras como arrogante, fechada, indiferente, impaciente, insegura, desinteressada. Na altura das eleições será que há algum candidato que queira parecer distante dos seus eleitores? Se sim, ele deveria rever a estratégia da sua campanha eleitoral”.

Golovanova acrescenta ainda a estes três pontos a importância das roupas e das suas cores que “por serem sinais não verbais numa visão mais lata, também revelam informação e influenciam a perceção dos candidatos sobre os eleitores. Uma cor mais favorável à competência é o azul escuro”.

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